quarta-feira, 28 de novembro de 2012
JANTAR E LANÇAMENTO DE CAMPANHA
No último sábado, dia 24 de novembro,
aconteceu na sede do CTG Sinuelo da Serra um jantar beneficente em pról de
nossa grande amiga Claudete dos Santos, esposa do João dos Santos, que
encontra-se com um problema de saúde. Na
ocasião foi realizada uma rifa, sendo que o premio era uma sexta de produtos. O
sorteio foi também no sábado e a vencedora foi Taciana Zamprogna. A patronagem
e os organizadores agradecem a todos que participaram do jantar e contribuíram para
o sucesso do mesmo, agradecendo a presença de todos.
Também na noite de sábado, junto ao
jantar, foi lançado o 1º NATAL CRIOULO, que é uma campanha de doação de
brinquedos que está sendo promovida pelo Departamento Cultural e pela
Patronagem do CTG Sinuelo da Serra.
A campanha é intitulada como Natal
Crioulo e seu lema é Doe Um Regalo. O objetivo desta campanha é a arrecadação
de brinquedos para doação a crianças carentes. Todos sabem que existem muitas
crianças, que por vários motivos não receberão presentes neste Natal. O
objetivo então é tornar o Natal, um momento de reflexão e de generosidade. É
despertar em cada pessoa o verdadeiro sentido desta data, que deve ser o estar
em família, o amor pelo próximo, a união, a esperança de que um dia os homens
se entenderão e todos, sem distinção de raça, religião ou cor, serão felizes.
Este
é o pensamento que move os organizadores da campanha.
A ação será realizada entre os dias 24
de novembro e 16 de dezembro, sendo que as doações podem ser feitas nas segundas,
terças, quintas e sextas feiras, das 19:00 as 22:00 hrs na sede do CTG Sinuelo
da Serra, na loja Becker em horário comercial, ou pelos fones 99040672
(Guilherme), 91661234 (Gelvana) e 96233547 (Vanda).
Pode ser doado qualquer tipo de
brinquedo, sendo que devem estar em bom estado de conservação e em condições de
uso.
Vamos todos juntos demonstrar o
verdadeiro sentido do Natal! Contamos com o apoio de todos!
Por um Natal mais humano e feliz!
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
A CONTRIBUIÇÃO DOS COLONIZADORES NA CULTURA GAÚCHA
A formação do Rio Grande do Sul é um dos
capítulos mais recentes da história brasileira. Basta dizer que a
integração definitiva de seu território só se completou no início
do século passado (1801), ao incorporarmos as Missões Jesuíticas da
margem esquerda do Rio Uruguai.
OS
ESPANHÓIS JESUÍTAS E EXÉRCITO
Justamente por Ter sido o único ponto do território
nacional em que a ocupação portuguesa se chocou, de imediato, com a espanhola,
a fisionomia do Rio Grande foi sempre a de uma fronteira em armas. Esta
circunstância conformou um tipo de cultura que já aí começa a
diferenciar-se da do resto do País.
No correr do século XVII, quando os
missionários espanhóis da Companhia de Jesus ali plantaram os seus aldeamentos,
mais tarde reduzidos aos SIETE PUEBLOS, convergiam para a região que hoje
constitui o território estadual duas forças rivais: a expansão
espanhola, representada pelo Jesuíta a serviço dessa nacionalidade, e a
portuguesa, encarnada no Bandeirante.
No litoral atlântico, a vila catarinense de Laguna;
no estuário platino, a Colônia de Sacramento; e, terra adentro, a fortaleza do
RIO GRANDE DE SÃO PEDRO, embora distanciadas umas das outras, vão-se depois
articular num sistema misto de defesa e ataque. Mas, nas coxilhas abertas à
atividade pastoril, a fronteira das duas culturas ibéricas continuaria
indemarcada, oscilando conforme a própria mobilidade do pioneiro. Fixada
nas areias litorâneas da entrada da Barra, a civilização luso-brasileira teve
de enfrentar, inicialmente, dois opositores: a Oeste, o silvícola dos
aldeamentos, adestrado na arte da guerra; ao Sul e a Sudeste, as tropas
mandadas diretamente de Buenos Aires. Enquanto nos vales do Jacuí e do Uruguai,
ou seja, nas duas grandes bacias fluviais por onde se deu a penetração do
branco, os sertanistas de São Paulo e o índio missioneiro se engalfinhavam em
luta sangrenta. Três momentos assinalam e qualificam esse conflito: a
destruição das aldeias missioneira, - 1630 – 1640; a Guerra Guaranítica,
conseqüente ao Tratado de Madrid – 1750; a conquista dos Sete Povos –
1801, por um escasso grupo de patriotas capitaneados por José Borges do Canto e
Manuel dos Santos Pedroso.
Exércitos castelhanos, antes e depois do período
colonial, invadiram o território rio-grandense em várias ocasiões. A ocupação
da Vila de Rio Grande , em abril de 1763, e a incursão de Salcedo, a caminho de
Rio Pardo, constituíram grave ameaça à estabilidade da cultura luso-brasileira.
Só em 1776, o invasor abandonou todos os pontos que ocupara. Nos combates por
mar e em terra, se defrontaram tropas disciplinadas à européia, conforme
o regimento do Conde de Lippe, mas foi uma admirável geração de fronteiros que
nos choques verificados em campo aberto, por toda a parte, criou a legenda de
bravura imortalizada por Rafael Pinto Bandeira.
CHEGADA
DOS AÇORIANOS PARA COLONIZAR O RIO GRANDE DO SUL
A posse efetiva da terra, com a fundação do
primeiro núcleo de população luso-brasileira, deu-se tardiamente, muito depois
de adquirir o Brasil a fisionomia que o define. Isso vem explicar o vínculo
sentimental, tão profundamente brasileiro, tão brasileiro do Rio Grande do Sul.
Quando os marinheiros e soldados da expedição
Silva Pais desembarcaram na praia arenosa e inóspita de Rio Grande, o
caldeamento intenso e as vicissitudes históricas já haviam formado uma cultura,
ligada afetivamente à portuguesa, mas dela bastante distanciada nos aspectos
materiais peculiares ao novo meio americano. Na sua expansão para o Sul, menos
para escravizar índios das reduções espanholas do que para responder a
interesses de uma política territorial bem definida, como reconhece a
crítica moderna, - na sua expansão, o Bandeirante é quem estimula a
cautelosa política do Conselho Ultramarino, receoso sempre de provocar atritos
com a coroa espanhola. Se a Colônia de Sacramento, construída bem ao desafio,
ali diante de Buenos Aires –1680, representou enorme vantagem para o
alargamento da fronteira lusa, a verdade é que foi pelo interior, percorrendo
inclusive os ásperos caminhos da Serra do Mar, na irrefreável descida do
luso-brasileiro em demanda da Campanha rio- grandense, já na fase da
preia ao gado alçado, que se verificou o segundo atrito , de
motivação essencialmente econômica, entre os nossos sertanistas – Piratininga,
São Vicente e Laguna e os castelhanos cisplatinos.
Do meio agreste e semi- bárbaro da Campanha, a que
ambas as correntes antagônicas se dirigiam em busca do gado, surgiu de imediato
o GAÚCHO, mescla de raças e costumes obscuramente realizada, ao deus-dará do
instinto e da aventura. A História não saberia dosar-lhe os componentes. O que
se pode afirmar de positivo a seu respeito é que foi mais uma expressão
econômica do que um tipo étnico. Mas os acontecimentos históricos,
notadamente as lutas de fronteira, começaram desde a segunda metade
do século XVIII a extremar o gaúcho platino do gaúcho brasileiro, este, mais
afeiçoado do que aquele, ao espírito gregário que confere ao município tamanha
importância na estrutura do nosso desenvolvimento social. Mas ainda assim, o
estilo de vida continuou a ser modelado segundo as técnicas de trabalho e as
demais peculiaridades do pastoreio, atividade geradora da primeira célula que
levou o GAÚCHO à vida sedentária: A ESTÂNCIA.
A formação social do povo do Rio Grande do Sul
assenta-se sobre o primitivo núcleo de produção rural a que se chamou Estância.
É um complexo familiar e comunal aplicado à criação, que se constituiu em linha
mestra do desenvolvimento econômico dessa região. A palavra Estância está
ligada , portanto, a um tipo de produção rural que corresponde a um nível de
desenvolvimento econômico em certo estágio técnico, como núcleo de
produção, está indissoluvelmente ligada a determinados meios de produção e às
suas conseqüentes relações.
Se vemos a estância como um modo de vida,
precisamos diferenciá-la da fazenda, compreendendo aquela como decorrente de
uma comunidade formada em torno de uma família – a do estancieiro; esta como a
simples exploração da propriedade rural, sem vínculos comunais ou familiares.
Nessa fase, desloca-se o centro de gravidade da economia brasileira (com o ouro) para o Sul, ficando o Nordeste e a Bahia adstritos à exploração da cana-de-açúcar.
Nessa fase, desloca-se o centro de gravidade da economia brasileira (com o ouro) para o Sul, ficando o Nordeste e a Bahia adstritos à exploração da cana-de-açúcar.
A breve trecho, sobre a infra-estrutura pastoril
das estâncias formadas pelos primeiros povoadores, articulou-se a defesa, tendo
como pontos principais os fortes localizados abaixo da Lagoa Mirim, as guardas
de São José do Norte e do Viamão e, mais tarde, a tranqueira de Rio Pardo, no
Jacuí. Assegurava-se deste modo a posse da margem esquerda da Lagoa dos Patos e
da faixa do Albardão, entre a Mirim e o mar. Além do que, junto ao Porto de
Viamão, haviam sido fixados os primeiros casais de número, trazidos dos AÇORES,
com os quais se inaugurou a colonização sistemática. Se a estância, como vimos,
foi a célula inicial e o gado chimarrão a primeira lavra, daí por diante,
paralelamente àquela atividade, o ilhéu inicia a cultura da terra, e os trigais
abrem caminho à ordem urbana, aos lineamentos da vida civil no burgo, à sombra
da Igreja. É toda uma civilização que desponta, rudemente afeiçoada por milicianos,
campeiros e agricultores, na pausa das arreadas e das invasões militares.
Qualquer que fosse a sua atividade lucrativa, ninguém se furtava ao chamamento
às armas; o instinto de sobrevivência, a defesa do lar, a ligação afetiva a um
grupo social e a vivência, a defesa do lar, a ligação afetiva a um grupo social
e a atração da língua materna, - impulsos instintivos – mais do que quaisquer
outras considerações, uniam os homens sob a mesma bandeira.
É importante ressaltar-se o colorido, a variedade
do elemento humano pioneiro: soldados de profissão, milicianos recrutados nas
capitanias do Centro e do Norte, tropeiros e povoadores de São Paulo e da
Laguna, tímidos casais de açoritas, e ainda aventureiros de várias
procedências. Predominavam, porém, numericamente, os oriundos daquelas
capitanias, portadores de uma cultura já vitoriosa no meio tropical, como
a resultante luso –brasileira de um processo acidentado de miscigenação.
O novo esforço colonizador do luso, na raia meridional, já podia, em suma,
aproveitar a experiência bem sucedida que fizera em outras partes do
Brasil. E são os frutos dessa experiência , o que empresta à nova
conquista, no que diz respeito aos dirigentes que a iniciaram e consolidaram,
caráter sob muitos aspectos revolucionário . A mentalidade que para o
Continente de São Pedro se transporta, com os homens de mando, dá sentido
prático às medidas administrativas e assegura igualmente a eficácia de um
dispositivo militar planeado por grandes técnicos portugueses em fortificações
e estratégia.
Em alguns poucos anos, passa pelo Rio Grande,
deixando sulco profundo na mentalidade da população que se formava, inclusive
na adoção de práticas de governo mais evoluídas, um grupo de homens de porte de
José da Silva Pais, André Ribeiro Coutinho, Gomes Freire de Andrade, José
Marcelino de Figueiredo, José Saldanha entre outros. Figuras que contam
nas letras militares, na administração e na política ultramarina do tempo.
Alguns são expoentes , em seu grupo, das idéias iluministas que funda a paz
social no progresso material, no império da razão, no desenvolvimento do
comércio, na igualdade entre os homens. E essas idéias se difundem,
criando prontamente raízes. A influência que exerceram foi na prática, mais
profunda na sociedade de tipo aluvional, sem compromisso com o passado. Isso
explica, em boa parte, alguns traços da psicologia coletiva, podendo-se mesmo
dizer que o rio-grandense, ao surgir à luz da história, já veio impregnado de
modernidade. Certas idéias matrizes da Revolução Francesa,
presentes na formação espiritual de algumas das figuras citadas, tiveram
na geração que deu relevo a um Rio Grande até ali virtualmente português, o
papel de catalizador de idéias nova. Assim, quer no concernente à
organização da sua vida comunal, quer como defensor da fronteira sulina, o rio
–grandense toma consciência, muito cedo, da realidade social. Um corajoso
espírito republicano, caldeado na região e respondendo melhor às exigências da
vida local, cimentado na fraternidade do pastoreio e da caserna, explica o
processo de democratização vivido desde o começo.
OS
ALEMÃES NO RIO GRANDE DO SUL
Iniciada por volta de 1824, a colonização alemã
representou fator essencial no trabalho de recuperação das energias
consumidas na voragem da guerra interna rio-grandense. Distribuindo-se
pelo vale do Rio dos Sinos e galgando lentamente a Encosta da Serra, os
agricultores daquela origem asseguram o aproveitamento regular e intensivo de
parte da zona florestal, levando-a a produzir os gêneros que contribuiriam para
diversificar, nas suas nascentes, a economia regional, que condições
especialissimas pareciam Ter condenado a girar por inteiro em torno da
pecuária e do latifúndio. Nos labores do campo ou da pequena indústria
caseira, o imigrante se impõe um rítmo ordenado. A família com suas
necessidades mínimas satisfeitas, formava nas “linhas” ou “picadas” coloniais
uma unidade de trabalho garantidora da estabilidade grupal. E graças à
policultura, exercida sem a ingerência do escravo ou do trabalhador
assalariado, o colono se protegeu melhor das flutuações de preço no mercado
consumidor. Em boa hora, estabeleceu ainda com a pecuária extensiva e
latifundiária, detentora da influência política, um regime de trocas que foi
útil a ambas as partes. Talvez por isso, por se completarem tão
harmoniosamente, os dois sistemas coexistiram sem atritos, no quadro da vida
provincial, permanecendo mesmo quase inalteráveis até o limiar do século XX.
ITALIANOS
CHEGAM AO CAMPO DOS BUGRES
O mesmo aconteceu com os italianos entrados a
partir de 1875, quando já haviam cessado por completo as guerras de fronteira,
cinco anos depois de finda a Guerra do Paraguai, na qual o Brasil, um dos
membros da Tríplice Aliança, arcara com a maior parcela de sacrifício de homens
e bens, cabendo igualmente ao Rio Grande, pesado tributo.
Alemães e italianos integram-se no processo
econômico. O luso-brasileiro organizara a administração pública, dera um
espírito à ordem institucional; criara a indústria do charque; defendera, ampliara
e demarcara a fronteira. O alemão consolida a agricultura em terras até então
desaproveitadas e lança as bases da indústria do couro e da pequena
metalurgia. O italiano trás a vinha e restaura a lavoura tritícola que
surgira com os primeiros casais açorianos e seus descendentes.
É curioso notar como esses grupos, portadores de
culturas originais, se enquadraram na ordem comunitária que os havia precedido.
Houve todavia alguns atritos, especialmente quando se tratou de implantar um
tipo de educação compatível com o princípio da soberania brasileira, mas a
cultura-padrão se tem servido vantajosamente dos valores novos trazidos do
exterior, rejuvenesceu com eles, e, posta em competição, atuou com maior
vivacidade e poder ofensivo. Bem se pode apreciar isto nas diversas
manifestações folclórica, nas artes em geral e, de modo particular, no processo
literário.
OS
FORMADORES DE NOSSAS CARACTERÍSTICAS
O Luso açoriano é sem dúvida o formador de
nossas características como povo. Na formação e organização das cidades de
origem lusa, pode-se notar essa influência, no traçado das ruas, as quais
obedecem sempre a mesma conformação, de meia légua em quadro – um
quadrado de quinhentos palmos de lado, que era às vezes em terras
públicas reservadas para a fixação da praça e em um dos lados se construirá a
capela. É um núcleo da futura cidade.
Ao redor da praça e ao longo da rua principal estão
as habitações mais ricas. Casas dos estancieiros. A frente alta e esculturada,
com sacadas, e a porta principal proporcionada e com degraus, muitas
vezes de mármore. O piso da casa, a cinqüenta centímetros do solo a
mais de um metro, caracterizando o status social do proprietário. As casas mais
antigas são revestidas de azulejos decorados artisticamente são assobradadas,
caracterizando-se pelo ponto dado ao telhado e as saliências do beiral,
apoiados nas cornijas moldadas em forma de telhas em camadas – ninhos de
andorinhas, encontrando-se muitas nos cantos dos telhados e nos vértices a
clássica pombinha açoriana, que ainda pode ser encontrada em algumas
cidades lusas pouco renovadas – Triunfo, Piratini, Viamão, Jaguarão, Rio
Pardo....., bem como os caixilhos das vidraças em janela ou em
bandeirolas sobre as portas.
Sem dúvida alguma, a grande contribuição do luso –
açoriano, está expressa pela língua, a qual com raras alterações, é
o primeiro traço cultural da paisagem humana rio –grandense.
Esse traço luso cobre todo o território, embora nas
áreas novas, com elevada percentagem de imigrantes, se observem variações mais
pronunciadas.
Outro traço da cultura lusa nas cidades gaúchas é o
respeito às instituições. A religião, com suas igrejas, capelas e irmandades, a
Câmara, com sua Casa da Câmara, o pelourinho e a cadeia – todos com aqueles
tons tipicamente lusos. Por influência lusa, conserva -se até nossos dias a
tradição de festas em comemorações aos santos do ciclo junino, da festa do
Divino, procissões, festa e culto a Nossa Senhora dos Navegantes,
simpatias, rezas, benzeduras, crendices, usos e costumes arraigados em nossa
cultura, além da franqueza no externar suas opiniões, no recato característico
da mulher, o hábito de espiar atrás da porta, ainda muito usual no interior. O
artesanato, o trabalho manual, as cantigas de trabalho, os versos, os cantos e
a música, tudo passou para os dias atuais através de nossos ancestrais lusos.
As cidades lusas tiveram em sua formação, a
presença de certos traços culturais típicos. Algumas se originaram de capelas,
motivos econômicos originaram outras, especialmente as mais recentes, muitas se
originaram de um acampamento militar. Esses elementos – o acampamento, a
capela, a charqueada e, mais raramente, o aldeamento indígena,
representam traços fortes da cultura luso rio-grandense, presentes no processo
de urbanização. O fato militar, muito influenciou nos padrões culturais,
valorizados na sociedade que se formava, teve importância na implantação e na
expansão das cidades gaúchas. A escolha do sítio muitas vezes foi feita
mor influência desse fator. Rio Grande é um porto, mas também é uma
cidade fortifica, que se utilizou das condições geográficas.
Ao longo do rio Jacuí, foram surgindo as cidades
sempre ao norte do rio e protegidas por ele e, algumas vezes, também por seus
afluentes. Ao norte do rio está Jaguarão. Da mesma proteção se serviram São
Borja, Bagé e outras. Encontram-se em várias de nossas cidades as ruínas do
lendário quartel velho ou os retos de um forte histórico.
Uma das marcas de cutura luso-rio-grandense é o
traçado das cidades em xadrez, uma regra em quase todas as cidades gaúchas, um
legado português, como herança romana.
Assim foi traçada a Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição do Estreito, Itaqui e assim, quase todas as cidades criadas até os
primeiros anos do século XX. De um modo geral as cidades luso-rio-grandenses
tem sua fisionomia marcada de alguns traços inconfundíveis, oriundos dos tipos
sociais que se formavam e da cultura de que estes eram portadores.
Os proprietários de terra, durante os períodos de
ocupação e da formação da sociedade rio grandense, são homens de alguma
importância social e política, antigos ocupantes de postos militares,
portadores da cultura lusa, constroem nas cidades as residências onde passam
uma boa parte do ano, especialmente o inverno. As cidades adquirem um traço
fisionômico inconfundível, densos de expressão cultural, aflorando nos tipos de
homem, em suas casas e nas instituições sociais.
A
COLONIZAÇÃO ALEMÃ
Os 38 imigrantes alemães chegados ao Rio Grande do
Sul em 25 de julho de 1824, escolhidos pelo Presidente da Província em nome do
Governo Imperial, ao chegarem a Porto Alegre, foram estabelecidos em
terras concedidas na extinta Feitoria do Linho Cânhamo. Assim nasceu a
colonização alemã em nosso Estado.
É preciso esclarecer logo o sentido desta
palavra, que significa a exploração duma zona população de origem alemã,
mas sempre sob a fiscalização direta ou indireta das autoridades brasileiras.
Os imigrantes alemães e seus descendentes agrupados em volta de núcleos de
povoamento homogêneo, praticando atividades diferente das dos outros
sul-rio-grandenses, constituíram verdadeiras colônias estrangeiras no país onde
residiam, isolados durante muito tempo pela língua, pela fidelidade às
suas tradições, e pela religião. Criaram assim, as chamadas colônias, uma nova
paisagem reveladora da sua origem e seu tipo de vida.
O Rio Grande do Sul, antes da chegada dos
imigrantes já possui uma tradição cívica de marca – fronteira, uma sociedade
firmemente constituída, uma economia pastoril dinâmica – a criação do
gado percorria na Campanha o seu próprio ciclo até os princípios do século XX –
o de agricultura começou a se desenvolver nas colônias, sendo que os colonos
deslocaram paulatinamente o centro de gravidade demográfica, econômica e política
do Rio Grande do Sul. Aos descendentes dos imigrantes alemães, deve o Estado,
boa parte da sua atual originalidade em relação ao resto do país pelo fato de
contar com eles, como também porque penetraram e assumiram
responsabilidades na sua sociedade. Nem todos tem origem rural, mas urbana em
parte, porque a agricultura sustentou um comércio sempre maior e a indústria
apareceu nas cidades. Os descendentes de imigrantes, freqüentando escolas e
faculdades, adquiriram cultura comum, constituindo uma parte dos quadros
administrativos, ocupando muitas funções eletivas. São partes integrantes no
panorama atual do Estado.
No princípio do século XIX o Rio Grande do Sul,
ficava subdividido em duas zonas, uma, já real e outra ainda virtual. A
primeira era a Campanha, ou melhor, a FRONTEIRA, com suas estâncias, tenazmente
defendida de ataques, o que dava o caráter militar aos seus donos.
Mas em 1824, o Rio Grande do Sul, terra
gaúcha, era apenas a zona do campo. Para não perder sua soberania se penetrasse
na mata virgem, o gaúcho ficou afastado, sem procurar apoderar-se dela.
Os alemães radicados no sul do Brasil, no princípio
do século XIX, não obedeceram a imperativos geográficos, mas responderam à
vocação dirigida pelo Governo Imperial, único capaz de organizar e sustentar a
introdução e o estabelecimento de imigrantes europeus não portugueses.
Esta colonização foi primeiro realizada em terras públicas, planejada e
fiscalizada geralmente pela administração. Assim, o povoamento, a exploração e
a própria vida dessas colônias obedeceram a uma tutela, a um dirigismo
surpreendente como uma antecipação, mas revelador do modernismo da visão do
império. Talvez nenhuma outra província oferecesse condições tão favoráveis
como o Rio Grande do Sul, onde a criação dispensara praticamente a escravidão e
onde a introdução do trabalho livre ecoava numa opinião também mais adiantada.
O lote colonial representa a célula de povoamento e
a unidade de exploração e a propriedade – tipo. Todos os lotes foram marcados geometricamente
a partir da PICADA, de forma retangular. O habitat, se formou em fileira,
paralelo à picada que se tornou a verdadeira unidade orgânica do povoamento e,
desenvolve um tão grande papel econômico, social e cultural que dificilmente se
diria onde ela acaba e começa a povoação que tem geralmente o mesmo nome. A
povoação nasceu na proximidade de uma encruzilhada, dum vau, duma capela ou
venda. A atividade mais intensiva ainda é no domingo, quando os colonos
afluem, à cavalo, para assistir à missa ou culto, ou ao ofício de fazer
compras.
A casa do colono imigrante alemão é de madeira,
representando um dos elementos mais característico e entretanto, sua evolução
bastaria talvez para reconstituir a história dos homens, da família, dos grupos
que as edificaram. São sempre térreas e tem, geralmente, um telhado
assimétrico, como a maioria das casas construídas no século XIX, nas antidas
colônias que provavelmente inspiraram o padrão. Nestas, o tipo mais freqüente é
o ENXAIMEL, com paredes de taipa ou de tijolos, com telhado de taboinhas,
telhas – às vezes francesas ou de zinco. As primeiras casas eram
retangulares, com telhado simétrico, com porta e fachada numa das paredes
maiores.
Nem todas as oficinas artesanais se tornaram
fábricas e nem toda a indústria teuto-rio-grandense – que foi a primeira,
nasceu nas colônias. O artesanato, sim. Mais exatamente, sempre limitado pelo
arcaísmo das técnicas e pela falta de capitais. Ele se desenvolveu somente para
satisfazer exigências elementares (cerâmica, carpintaria, ferraria, couro) e
sobrevive apenas na execução de algumas tarefas complementares oferecidas por
alguns ramos industriais, à sombra dos quais não pode esperar mais do que
vegetar. Existe portanto, um hiato entre o artesanato e a indústria.
Com exceção de uma parte do couro, as grandes
fábricas foram fundadas raramente por técnicos imigrados da Alemanha e
possuidores de parcos recursos, geralmente por comerciantes teuto
rio-grandenses que capitalizaram os lucros do negócio e mandavam vir da Alemanha
máquinas e especialistas para suas novas empresas.
Foi o governo provincial quem organizou a
imigração, lhe deu o primeiro estatuto, estimulou o recrutamento e orientou os
imigrantes nas colônias fundadas no sopé da Serra entre 1848 e
1874. Apesar de bem sucedida, a colonização provincial foi abandonada, em
parte por falta de entusiasmo dos políticos gaúchos com os alemães, em
parte por causa de inconstâncias do governo imperial, que criou alguns grupos
esparsos com os imigrantes italianos, principalmente.
A
COLONIZAÇÃO ITALIANA
Declinado o ímpeto da imigração alemã, o governo da
Província do Rio Grande do Sul, tomou a iniciativa de completar o povoamento da
parte não explorada do Planalto por meio de imigrantes europeus de outra
procedência: a região da Europa a que mais facilmente se poderia recorrer era a
ITÁLIA, recém unificada, politicamente, mas em precárias condições econômicas
para integrar sua massa populacional.
Para a fixação da imigração italiana a Província do
Rio Grande destinou uma área de 32 léguas quadradas que lhe foram cedidas pelo
governo imperial para aquele fim. Em 1870, foram criadas ali, as Colônias Dona
Isabel, Conde D’Eu, Duque de Caxias, que se fundaram em 1874, seguidas pouco
mais tarde pelas Colônias Alfredo Chaves, Prata, Antônio Prado, Guaporé e
Chimarrão no Planalto. Os lotes eram vendidos à vista, depois, segundo um plano
de pagamentos a longo prazo. Em ambos os casos, os colonos recebiam
assistência técnica e médica a cargo de postos de Serviço de
Imigração e Colonização, além de ferramentas, sementes e hospedagem com
alimentação até que construíssem suas moradias.
Os colonos começaram a chegar em 1875, em navios
italianos e antes de desembarcarem em Porto Alegre, faziam quarentena no
Rio de Janeiro. Da capital da Província eram conduzidos até a vila de São
Sebastião do Cai, de onde partiam a pé, em lombo de burro e em carretas, pelas
estradas de tropas e pelas veredas das florestas, para as sedes coloniais, em
grupos de famílias que atingiam a média de seiscentas e mais pessoas por
mês, para cada núcleo. O folclore da região conserva a memória da
grande aventura que foi a fixação do colono na área.
Essa população de imigrantes, distribui-se por
algumas cidades de tamanho médio, sedes atuais de municípios, que haviam sido
núcleos coloniais e que a partir de 1880 começaram a Emancipar-se, como
distritos ou municípios, tias como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi,
Veranópolis, uma parte localiza-se em vilas e povoados ao longo das estradas
vicinais ou nos cruzamentos destas e das estradas principais. Algumas dessas
vilas correspondem a antigas CAPELAS, - sítios em torno dos quais se
aglutinavam os cinqüenta ou sessenta lotes de um TRAVESSÃO – centros vicinais,
constituídos do templo católico ou capela com sua copa ou salão
recreativo e comunal , da escola primária paroquial, pelo cemitério, cantina
para recebimento da produção de vinhas e o fabrico do mosto, pela sede da
cooperativa de produção agrícola, Por uma ou duas casas de comércio e dezenas
de residências.
O processo de industrialização iniciou-se muito
ceda na região, como resultado das exigências do consumo, como ocorreu com as
serrarias, os moinhos de milho e trigo, as tecelagens e malharias, as
conservas de carnes e o vinho. Com esses artigos as colônias já se
representavam em exposições industriais no Estado antes do fim do século XIX e
logo a seguir em São Paulo.
Outras indústrias, surgidas em caráter artesanal e
expandidas ao nível empresarial, vieram acrescentar-se àquelas, destinando-se
sobretudo à exportação – Produtos químicos derivados da uva, tecidos finos,
peças leves e pesadas de metal, máquinas, cutelaria, motores, jóias e diversos
outras.
Vale destacar, a tradição artesanal e fabril dos
colonos, que muito haviam trabalhado nas fábricas e oficinas de seu país de
origem. Existem registrados nos livros de concessionários dos lotes da vila de
Caxias, em 1882, 37 diferentes profissões que incluíam alfaiates, carpinteiros,
pedreiros, tanoeiros, ferreiros, sapateiros, marceneiros, amoladores,
funileiros, seleiros, farmacêuticos, músicos, maquinistas, além de algumas
oficinas dessas artes, já havia uma fábrica de sabão e uma olaria.
A escola é uma instituição central da sub-cultura
regional, onde há os mais altos índices de alfabetização do Estado, sendo
também esses colonos, intensamente católicos, muito elevados os índices de
prática ou observância religiosas, bem como as vocações religiosas em ambos os
sexos.
Muitos são o legado cultural dos italianos para o
gaúcho, sua alegria, importância à família, educação formal, religião, jogos de
integração e raciocínio, cultivo de hortaliças, o largo consumo de produtos
embutidos, de hábitos alimentares à base de leite e massas, aves, além da
religiosidade, da consservação dos alimentos em lugares mais frescos da casa, a
adega, as capelinhas devocionais, entre outros, como o alto número de
descendentes que hoje integrados aos costumes gauchescos, tem o tino para
negócio e vocação política destacada. Com cargos no governo
municipal,estadual e federal nas áreas: legislativa, executiva e
judiciária.
BIBLIOGRAFIA
CABRAL, Eddy Flores, Rio Grande do Sul –
Atlas Histórico Escolar, Edições Tabajara, Porto Alegre;
CESAR, Guilhermino, As Raízes Históricas em Rio
Grande do Sul, Terra e Povo, Editora Globo, Porto Alegre;
ORNELLAS, Manoelito de, As Origens Remotas do
Gaúcho - - Rio Grande do Sul – Terra e Povo, Editora Globo, Porto Alegre;
VELLINHO, Moyses , A Formação Histórica do Gaúcho –
Rio Grande do Sul – Terra e Povo, Editora Globo, Porto Alegre;
MACEDO,Francisco Riopardense de, A
arquitetura – Rio Grande do Sul – Terra e Povo, Editora Globo , Porto
Alegr;QUEVEDO, Julio e TAMANQUEVIS, José, Rio Grande do Sul, Aspectos da
História, 5ª Edição, Martins Livreiro Editor, Porto Alegre;
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Tradicionalismo Gaúcho, Martins Livreiro Editora, Porto Alegre;
AGRIFOGLIO, Rose Marie Reis – A contribuição
Açoriana no Rio Grande do Sul , Comissão Gaúcha de Folclore, Porto Alegre;
HISTÓRIA ILUSTRADA DO RIO GRANDE DO SUL –
Secretaria Estadual da Cultura, 1988, JÀ Editores, Porto Alegre;
(FONTE: Site do MTG,
www.mtg.org.br)
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